terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985): "Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça" - Quarto dia

Para finalizar a oficina e os comentários aqui no blog, o quarto dia de intervenção trabalhou as músicas que surgiram e fizeram sucesso (ou ainda fazem) no período da Ditadura Civil-Militar. Como o tempo era curto, tivemos que selecionar que artistas e que músicas utilizaríamos com os alunos. Não foi tarefa fácil.

Foram selecionadas cinco músicas que relacionaremos a seguir:

1)    Pra não dizer que não falei das flores (1968) – Geraldo Vandré

A música “Pra não dizer que não falei das flores” foi selecionada por representar a música de protesto, bem no ano de 1968 em que diversos eventos de contrariedade ao regime ocorreram e também o AI-5, aumentando ainda mais a repressão. Canção emblemática que ainda hoje é gravada e cantada por artistas mais recentes, como a banda Charlie Brown Jr.

2)    Acorda Amor (1974) – Chico Buarque

“Acorda Amor” é uma possibilidade de apresentar Chico Buarque aos alunos através de uma letra irreverente. A música retrata um momento complicado, a polícia chegando na casa do personagem, logo ele bem tranquilo de pijama e não tendo para quem recorrer (quem sabe ao ladrão?). A situação não é clara e o personagem corre o risco de não aparecer nunca mais, tanto que avisa a amada que “Mas depois de um ano não vindo / Ponha a roupa de domingo / E pode me esquecer”. O clima de insegurança, repressão, violência e censura pode ser abordado com os alunos, bem como um pouco da biografia de Chico Buarque ou outros artistas que também se exilaram.

3)    Pra frente Brasil (1970) – Os Incríveis

“Pra Frente Brasil” é o exemplo da música-propaganda da Ditadura, que precisava aparecer na oficina, demonstrando que nem todos os artistas foram contrários, alguns ganharam prestígio e dinheiro com o momento e o governo. Copa de 1970, conquistas no esporte, ufanismo são temas que podem ser trabalhados.

4)    O Bêbado e a Equilibrista (1979) – Aldir Blanco e João Bosco



Outra canção clássica, principalmente na voz da Elis Regina foi “O Bêbado e a Equilibrista”. A música mais difícil de todas, precisou de um tempo maior para ser interpretada, mas foi escolhida para abordarmos o projeto de Anistia, a volta dos exilados, a inocência concedida aos torturadores e a falta de responsabilidade do Estado diante suas ações de lesa-humanidade.


5)    E a revolução? (2001) – Nei Lisboa



A última canção foi composta depois do período histórico (2001), porém por um cantor que está muito envolvido emocionalmente com a Ditadura. O irmão de Nei Lisboa engajou-se na luta armada contra o regime militar e foi preso, torturado e morto no período. A letra trabalha com a memória sobre o período histórico, a conexão entre passado e presente, sendo um música interessante para discutir os temas mais atuais, como a Comissão da Verdade, a abertura dos arquivos, políticas estatais, etc.


Para os alunos acompanharem as letras durante a execução das músicas, foram impressos as letras e distribuídas para os presentes. O arquivo pode ser visualizado aqui.
A intervenção não requer muitos detalhes, um aparelho de som e as músicas gravadas em um CD ou pen drive, as folhas com as letras e o quadro-negro para escrever um esquema do período que nos auxiliou na explicação. Devido a um dos bolsistas possuir uma coleção de LPs, foram trazidos alguns para os alunos visualizarem. 

Para não perder o costume, seguem duas fotos do dia:
Maurício mostrando seus LPs para quem nunca tinha visto.














Antonio explicando o esquema no quadro.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985): "Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça" - Terceiro dia

Continuando os posts sobre a oficina, a terceira intervenção ocorreu uma semana depois, na quinta-feira, dia 17/11. Para esse dia, foi pensado trabalhar com a questão da memória, tanto institucional sobre o período, como familiar, proporcionando aos jovens refletirem sobre as trajetórias das suas famílias nesse período.

Foi solicitado que os alunos trouxessem algum objeto (jornal, fotografia, caderno, roupa, livro, etc) que fosse de algum familiar e tivesse uma memória relacionada ao período da Ditadura Civil-Militar. A equipe do Pibid também levou algumas lembranças familiares, além do livro Brasil Nunca Mais, publicado em 1985, com o intuito de denunciar a repressão do Estado Brasileiro, as formas de tortura, o sistema judiciário do período, etc.

O objetivo de trabalhar com a memória era refletir que todos aqueles que viveram nessa época construíram uma história que nem sempre é estudada na escola, porém isso não significa que ela seja menos importante do que aquela que está nos livros didáticos. Outro ponto apresentado por nós para os alunos foi referente a dicotomia que pode transparecer erradamente no estudo desses anos: entre aqueles que eram favoráveis, e os contrários, engajados em reverter a situação. Nem toda a sociedade foi contrária ao golpe dos militares, lucrando financeiramente ou se sentindo mais segura com as Forças Armadas no poder, como também nem todos aqueles que não gostavam do governo pegaram em armas, foram torturados ou tiveram de fugir do Brasil. Muitas pessoas viveram suas vidas, pagaram suas contas, compraram uma casa própria ou um carro, tiveram filhos, votaram nos candidatos da ARENA ou do MDB quando havia eleição, ou seja, procuravam resolver as questões cotidianas que surgiam nesse contexto histórico.

Temos algumas fotos da oficina nesse dia:
Aluna Maiara comentando o jornal de 1970 que ela trouxe.











Algumas fotos de familiares.











segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985): "Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça" - Segundo dia

O segundo dia de oficina ocorreu em 12/11/2011 com mais convidados. Combinamos com os diretores do documentário Arquivos da Cidade, Luciana Knijnik e Felipe Diniz, e marcamos uma conversa deles com os alunos após a exibição do filme. A conversa aconteceu pelo turno da manhã e da noite.

Arquivos da Cidade traz seis depoimentos de pessoas que se envolveram de forma combativa contra a Ditadura Civil-Militar Brasileira na cidade de Porto Alegre. Os entrevistados foram: Antonio Losada (que um dia antes compareceu na nossa oficina), Carlos Alberto Tejera De Ré, Gregório Mendonça, Ignez Maria Serpa Ramminger, João Carlos Bona Garcia e Lino Brum Filho. O documentário foi escolhido por trabalhar com o período em questão na nossa cidade, procurando aproximar o tema com o cotidiano dos alunos. Além disso, buscamos ao menos em uma oficina trabalhar com o assunto deixando de lado os outros estados brasileiros que normalmente são destacados, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília. As lutas, resistências, prisões, medos ocorreram também aqui, e com personagens que ainda estão vivos e carregam seus "arquivos" pela cidade.

Acompanhe algumas fotos da oficina:

Diretor do documentário Felipe Diniz.
















Alunos que compareceram à oficina pela noite.






















Bolsistas do PIBID História acompanhando a discussão.
















Professora Raquel, supervisora do PIBID História, auxiliando os bolsistas.


























Ficou com vontade de assistir ao documentário? Veja aqui!


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985): "Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça" - Primeiro dia

O primeiro dia da oficina no Irmão Pedro aconteceu em 11/11/2011 em dois turnos: manhã e vespertino.

Pela manhã, contamos com a presença do sindicalista Antonio Losada, último preso político do Rio Grande do Sul sob a ditadura civil-militar, e Gabriel Dientsmann, historiador com trabalhos sobre a Anistia. Para o início da oficina, foi trabalhado a apresentação de powerpoint já publicada no post abaixo e depois o bate-papo foi entre os alunos e nossos convidados. À noite, a oficina foi com o mesmo tema, mas conversa ficou por conta dos bolsistas e do Gabriel.
Confira algumas fotos da manhã e da noite:

Antonio Losada conversando com os alunos da manhã.















A maioria era aluno terceiro ano e estava estudando o assunto.















Foto da oficina da noite, com a presença do Gabriel Dienstmann.



















À noite, a turma de alunos foi menor.






















Infelizmente, a oficina da noite não pode contar com a presença do Antonio Losada. Entretanto, para os alunos não ficarem sem um depoimento de alguém que viveu durante aquela época, foram apresentados dois vídeos da novela do SBT, "Amor e Revolução", com depoimentos de Jarbas Passarinho, Sebastião Curió e Criméia Almeida. Esses vídeos e outros depoimentos veiculados pela novela podem ser acessados pelo youtube. Segue o link:





Os materiais para o primeiro dia de oficina sobre a Ditadura Civil-Militar no Brasil foram os descritos acima. Esperamos que a ideia sirva de fomento para mais atividades escolares.